sábado, 30 de abril de 2011

Tac



Ouve-se um estalo da cozinha. Depois outro, e mais outro...
Eles não cessam. Era o relógio de parede.
Apenas uma unidade de medida numerada pelos homens. Aquela máquina não me conhece, não sabe donde vim, não sabe para onde quero ir.
Meus pensamentos não se medem em segundos, os dias não calculam o quanto demoro para pensar e os anos nem imaginam minha idade.
Mas os estalos não cessam, meu pulso também não.

Limitou-se


Limitou-se quando era criança, quando desprezou a caixa de papelão que poderia ser uma linda casa, um foguete da NASA ou até mesmo um belo casco de tartaruga.
Limitou-se quando era adolescente, pois deixou de sonhar com seu príncipe encantado, em virtude disso, seus poemas nunca atingiram o prestígio do romantismo ou a  cafonisse que o mesmo traz.
Limitou-se quando adulta, onde preferiu ninar seu filho em apenas berço e cobertor, já que nunca valorizou contos de fadas ou quis criar cantigas de ninar.
Limitada é hoje, idosa. A saúde não lhe agrada, mas atrofiadas se tornaram suas expectativas, deixou a esperança de lado pois sempre preferiu manter os pés no chão… Até que um dia, o chão os engoliu.
Sete palmos. Sete palmas. E mais nenhuma lembrança se fez.

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