terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Encheu-se

Numa casa da vila aqui perto, um menino se sentou a frente do sofá e ligou a TV. Os mesmo comentários da mídia, os mesmos comentários banais e as mesmas pessoas que ele viu em revistas.
Mas mesmo assim, sentiu-se  em sossego da máquina a frente, pois era dia de chuva.
Pela janela ele viu uma simples garoa tornar-se tempestade. O menino olhou para a porta e se assustou ao ver que a água suja adentrava sua moradia. Pulou em cima do seu sofá e quando se deu conta, estava em um barco.
Um barco com a marca das Casas Bahia num rio de gotas de chuva.
Saiu pelo portão, já estava na rua. Por sua volta, via seus vizinhos escalarem seus telhados, todos numa correria tremenda para salvarem bens materiais.
O menino sem ter o que fazer, ficou com medo de chorar, acreditava que se chorasse, aumentaria a enchente.
Lhe restava somente contemplar a cena, afinal, o que uma criança poderia fazer?
Por entre as águas sujas que o ilhavam, um leve ninar as mesmas lhe traziam, como na breve lembrança de seu berço de neném. Não resistiu à situação, decidiu dormir, para acordar, amanhã, bem longe dali.

Este texto é um diálogo com as notícias sobre as chuvas em São Paulo e as iniciativas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito, Gilberto Kassab (DEM), que anunciaram nesta tarde um plano de R$800 milhões para combate às enchentes.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Sentimento cardiovascular


Com um ano de idade já vivia a menina com seus dias predestinados. Síndrome.
Por algum motivo, foste escolhida entre oito milhões de humanos que nasciam naquele exato momento. Ela, a presenteada.
A família chocou-se com as notícias médicas, os jornalistas buscaram informações com os médicos e os médicos recorrerram aos ratos, experimentos: a última saída.
Já fazem treze anos. Deu tudo certo, até agora.
A menina com síndrome rara vive mais do que a expectativa, o mundo inteiro comemora sua resistência física, pois a maioria dos que sofrem desta doença morrem por complicações cardiovasculares.
Mas mal sabem eles, que a dor que a menina traz ao coração é maior do que qualquer doença diagnosticada. Ela sofre com uma doença de um tipo particular de menina sonhadora, aquela onde os sonhos nunca chegarão à realidade por falta de fé.
Fé que vai viver mais ela tem todas as noites. Fé de ir até os EUA tomar mais injeções ela tem. Fé de sorrir no dia seguinte ela sempre teve.
Mas onde está a fé em ser... Uma menina?
Triste, em seu coração dor maior do que aquela palpita com dificuldade é a dor de desistir de sonhar e para conter resultados.





Este texto é somente um diálogo feito a partir da história real de Hayley Okines, que hoje completou 13 anos de vida.

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